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Tarifas de Trump contra o Brasil expõem dependência econômica e viés político

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em

Reprodução/AI

O presidente Donald Trump anunciou em 30 de julho uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados do Brasil, com alíquotas que chegam a 50%. A medida, apresentada com ênfase e teatralidade típica de sua gestão, foi rapidamente relativizada por uma longa lista de exceções, poupando itens estratégicos como suco de laranja, petróleo, carvão, aviões e castanhas — todos relevantes para a economia americana.

A medida faz parte de uma série de ameaças tarifárias iniciadas ainda em abril, com alíquotas que variavam entre 10% e 40%, voltadas contra parceiros comerciais considerados “injustos” por Washington. No entanto, os setores mais sensíveis à indústria e ao consumidor dos Estados Unidos foram deixados de fora da nova política, o que levanta dúvidas sobre a real eficácia e motivação das tarifas.

Para analistas, a decisão carrega não apenas interesses econômicos, mas também um claro componente político. A retórica protecionista de Trump serve como ferramenta de mobilização de sua base ideológica, além de reforçar relações com aliados internacionais, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. A seletividade nas tarifas sugere uma tentativa de agradar ao eleitorado sem comprometer cadeias produtivas vitais.

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Empresas norte-americanas já começam a sentir os efeitos. A montadora Stellantis, por exemplo, estima um impacto de US$ 1,7 bilhão em suas operações nos EUA até 2025, evidenciando que as medidas têm um custo econômico real, inclusive para o próprio país que as impõe.

Enquanto isso, produtos brasileiros como café, carne e frutas continuam a acessar o mercado americano sem grandes obstáculos, reforçando a ideia de que as tarifas funcionam mais como instrumento simbólico do que como mecanismo eficaz de pressão econômica.

Para o Brasil, a resposta pode vir pela diversificação dos mercados de exportação e pela exposição das fragilidades da política comercial dos EUA. A dependência americana de insumos brasileiros — especialmente no agronegócio — limita o alcance de medidas punitivas e revela uma relação de interdependência que o discurso nacionalista tenta disfarçar.

A tentativa de Trump de transformar a política comercial em espetáculo de afirmação política esbarra, assim, na realidade dos números e na complexidade das relações econômicas internacionais.

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